03 maio 2009

Tempus Fugit ou a Aranha Escondida


Sempre que, ao longo da existência, me foi dito ou me ocorreu que o tempo urge fico com um sabor amargo e cruel na boca da mente, uma espécie de consciência de que o tempo está a passar inexoravelmente, subtil, subliminar, neste preciso momento, milissegundo após milissegundo, minutos, horas, dias, meses, anos e não há nada que possa fazer quanto a este facto. Como se esta constatação não fosse, em si mesma, terrível e não bastasse já para atormentar o espírito, ainda se pode analisar o que realmente está a ser feito com esse tempo. Porque uma vez que o futuro vem, passa a presente e o presente passa, torna-se passado. :) Mind-bugging as hell! Por vezes escapam-se pensamentos do inconsciente que vêm ao de cima como bolha de ar subaquática. São as tais membranas de filigrana de prata com que me familiarizei há muitos anos, desde cedo, desde os primeiros passos de consciência. São como pontos de luz que estão de alguma forma unidos e que representam um cosmos muito particular, um universo intimista, tempestuoso, criativo, dinâmico e viril que faz parte do sotão gigantesco que é a minha mente [a mákina]. Algures, há também um jardim zen em cujo centro costruí um Dojo, pelas minhas próprias mãos. É aí que ultimamente tenho passado mais tempo. É quase sempre entardecer de um dia de verão ameno. Tem algumas árvores por perto e a brisa faz ondular os ramos e as folhagens como se dançassem. Por vezes também chove e faz trovoada. É bom treinar artes marciais sob a fúria dos elementos. Deixo-me ficar nesse canto a absorver o bater do coração da Terra e do Universo, em estado de consciência mínimo. É uma espécie de zazen autodidacta, sem tempo nem espaço. Aí, santa paciência para Chronos, tempus non fugit. Aí, degusto a eternidade ao sabor da minha ampulheta, protegida na minha bola de sabão cósmica, tendo apenas por companheira a Aranha Escondida, minha Mestra, que muito de vez em quando vem cá fora para me deixar parábolas em que pensar.