23 junho 2010

A Mosca Temporal


A mosca respirou fundo. Havia muito anos que lia e pensava filosofia. Tinha tido a sorte de ser agraciada como Mosca Temporal por Chronos e, portanto, não estava sujeita à curta vida das suas congéneres. Debruçava-se ultimamente sobre o Dualismo, sistema filosófico Descartiano, que consiste na doutrina que admite, como explicação primeira do mundo e da vida, a existência de dois princípios, de duas substâncias ou duas realidades irredutíveis entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final ou de recíproca subordinação. Pensava de si para consigo, saboreando os conceitos. E da superfície do espelho onde sempre pousava quando queria pensar, transportou-se até Mileto para experienciar a visualização dos discursos do mestre Anaximandro sobre cosmologia e evolucionismo. E deixou-se ficar a flutuar em estado de graça do Conhecimento, com a mente a apreender, assimilar e concluir. De repente ouviu a voz titânica de Chronos. Num nano segundo voltou à superfície fria do seu espelho favorito. Era hora! E Chronos não suportava atrasos.

21 junho 2010

Midsummer


Solstício de verão, eixos planetários que se inclinam, achegamentos e interacções das orbes magníficas, vénias cósmicas cujos arcos são causa de transmutação, metamorfose,
epigénese e evolução.

É o dia com mais Luz do ano inteiro. Focar coragem, energia e saúde. Noite de celebrar, esquecer a Sombra, invocar a Luz que brilhará intensa nos próximos meses.

Dança-se à volta da fogueira toda a noite. Come-se e bebe-se em honra do Sol e da Terra, magnos deuses todos poderosos.
Aproveitar para recarregar baterias, sejam elas físicas, místicas ou intelectuais.

Sacodem-se as trevas das costas, dança-se, ri-se e celebra-se a união cósmica cíclica que ainda nos permite viver como filhos (pródigos) destes dois seres celestes.
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