14 dezembro 2010

As nuvens que dançam


Seria capaz de passar horas a olhar para as nuvens reflectidas nos vidros velhos do edifício antigo. O vento sopra meigo, fa-las avançar lânguidas e preguiçosas, parecem dançar devagarinho. Quando passam num vidro partido desaparecem. Mas voltam a aparecer no seguinte como num caleidoscópio. Quando acabam de passar no último vidro, já vem a seguinte no início da sequência. Quantos milhões de nuvens já teram sido reflectidas naqueles vidros? Quantas já dançaram neles? Pelo sim, pelo não, meti um bocadinho de vidro partido no bolso, um caquinho pequeno, mas carregadinho de nuvens dançantes.